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As taxas de juros médias cobradas do consumidor subiram mais que a taxa básica Selic no ano passado, divulgou nesta quinta-feira (9) a Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade).
Enquanto a Selic registrou aumento de 2,75 pontos percentuais no ano passado, passando de 7,25% ao ano para 10% ao ano, os juros médios ao consumidor subiram 3,46 pontos percentuais, de 88,83% ao ano para 92,29% ao ano. É o maior patamar desde novembro de 2012.
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Vale destacar que o juro médio das linhas de crédito fechou 2013 em valor equivalente a mais de 9 vezes o da Selic, mas, quando a taxa básica era a mínima histórica, essa diferença era ainda maior: superava 12 vezes.
Considerando cada taxa separadamente, a Selic subiu 37,93% no ano, enquanto o juro ao consumidor, 3,90%.
O consumidor não percebe o aumento do juro cobrado nas linhas de crédito justamente porque não é expressivo em relação à taxa anterior, segundo Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor da Anefac. "Como é diluído ao longo do período do financiamento, tornam-se centavos a mais que ele paga na prestação. Não chega a ser impactante", ressalta.
No longo prazo, porém, esse aumento pode se tornar significativo e comprometer o orçamento familiar, por isso é preciso estar atento às elevações, acrescenta Oliveira.
A Selic é um dos componentes da taxa de juros ao consumidor. Também entram no cálculo os custos operacionais da instituição financeira, o custo com inadimplência (calotes) e o lucro da empresa.
"Esses demais componentes são estabelecidos por cada instituição financeira. Já o aumento da Selic tem um impacto direto", diz o economista Samy Dana, da FGV (Fundação Getulio Vargas).
As taxas de juros ao consumidor subiram sete vezes ao longo de 2013, acompanhando as elevações da Selic.
Em dezembro de 2013, os juros médios subiram para 5,60% ao mês (ou 92,29% ao ano), de 5,57% ao mês (ou 91,64% ao ano) em novembro. "A alta já era esperada e reflete o aumento da Selic na reunião do Copom (Comitê de Políticas Monetárias do Banco Central) de 26 e 27 de novembro", diz Oliveira.
Para o diretor da Anefac, as taxas devem continuar aumentando nesse primeiro trimestre do ano. "Acredito que o Copom poderá fazer um aumento de 0,50 ponto percentual na reunião de janeiro (dias 14 e 15), para 10,5% ao ano, e esperar o resultado, avaliando como se comportam inflação e câmbio nesse começo de 2014", diz.
Ele não descarta, no entanto, que o comitê realize dois aumentos de 0,25 ponto percentual –um no encontro da próxima semana e outro em fevereiro.
Dos juros das seis linhas de crédito pesquisadas pela Anefac, quatro subiram em dezembro: comércio, cheque especial, empréstimo pessoal concedido por bancos e empréstimo pessoal concedido por financeiras.
No ano, apenas a taxa do rotativo do cartão de crédito se manteve estável em relação a dezembro de 2012. "É uma taxa menos imune às variações da Selic. A taxa do cartão é a mais alta do país. Por que subir mais uma taxa que já está alta? Além disso, não é uma linha de crédito que as pessoas ficam trocando por outras de juros menores", afirma.
TAXA DE JUROS PARA PESSOA FÍSICA EM DEZEMBRO
Linha de crédito | Taxa em novembro de 2013, ao mês | Taxa em dezembro de 2013, ao mês |
---|---|---|
Juros no comércio | 4,20% | 4,25% |
Cartão de crédito | 9,37% | 9,37% |
Cheque especial | 7,89% | 7,97% |
CDC -bancos- financiamento de automóveis | 1,65% | 1,65% |
Empréstimo pessoal (bancos) | 3,18% | 3,20% |
Empréstimo pessoal (financeiras) | 7,10% | 7,16% |
Taxa média | 5,57% | 5,60% |
TAXA DE JUROS PARA PESSOA FÍSICA EM 2013
Linha de crédito | Taxa em dezembro de 2012, ao mês | Taxa em dezembro de 2013, ao mês |
---|---|---|
Juros no comércio | 4,06% | 4,25% |
Cartão de crédito | 9,37% | 9,37% |
Cheque especial | 7,82% | 7,97% |
CDC -bancos- financiamento de automóveis | 1,52% | 1,65% |
Empréstimo pessoal (bancos) | 2,93% | 3,20% |
Empréstimo pessoal (financeiras) | 6,96% | 7,16% |
Taxa média | 5,44% | 5,60% |
EXEMPLOS DE IMPACTO EM EMPRÉSTIMOS
Empréstimo pessoal de R$ 5.000 em banco em 12 parcelas
Juro mensal, em % | Valor da parcela, em R$ | Total pago, em R$ |
---|---|---|
3,20 | 508,33 | 6.099,91 |
Uso de R$ 3.000 no rotativo do cartão de crédito por 30 dias
Juro mensal, em % | Valor dos juros pagos, em R$ | Total pago, em R$ |
---|---|---|
9,37 | 281,10 | 3.281,10 |
Uso de R$ 1.000 por 20 dias no cheque especial
Juro mensal, em % | Valor dos juros pagos, em R$ | Total pago, em R$ |
---|---|---|
7,97 | 53,13 | 1.053,13 |
PESSOA JURÍDICA
Nas linhas voltadas a pessoas jurídicas, as taxas médias subiram de 3,18% ao mês (45,59% ao ano) em novembro para 3,25% ao mês (46,78% ao ano) em dezembro de 2013. É o maior patamar desde novembro de 2012.
As três linhas de crédito pesquisadas pela Anefac subiram em dezembro. Capital de giro subiu de 1,61% ao mês em novembro para 1,65% ao mês em dezembro. Desconto de duplicata passou de 2,31% ao mês em novembro para 2,33% ao mês em dezembro, e conta garantida teve alta de 5,71% ao mês para 5,77% ao mês na mesma base comparativa.
CONSUMIDOR
Com o aumento dos juros, o consumidor deve ficar atento aos tomar empréstimos, diz Celso Grisi, diretor presidente da consultoria Fractal e coordenador de projetos da FIA/USP.
"É preciso reduzir o nível de endividamento, pois os juros tornam as prestações mais caras e aumentam o risco de inadimplência", afirma.
Segundo o educador financeiro Reinaldo Domingos, da DSOP, antes de tomar o crédito o consumidor deve fazer o diagnóstico de suas finanças e, a partir disso, reorganizar seu orçamento.
"Ele pode buscar um dinheiro mais barato e fazer a portabilidade para uma linha de crédito com juros menores. Mas não dá para trocar de crédito sem combater a causa do problema", afirma.
A solução, consumir menos do que a renda familiar, precisa do apoio familiar para que seja bem-sucedida.