Prefeituras de PR e PE preparam parcerias público-privadas para lixo
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SÃO PAULO - O governo federal deve divulgar nas próximas semanas uma ofensiva com Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal para tentar forçar uma queda dos spreads bancários.
Segundo fontes com conhecimento do assunto, o tema foi tratado pela presidente Dilma Rousseff em janeiro com ministros, incluindo o da Fazenda, Guido Mantega, e agora está em fase final de detalhamento pelos bancos.
Nas últimas semanas, o governo já vem dando múltiplos sinais de desagrado com o spread ? a diferença entre o valor pago pelos bancos para captar recursos e o cobrado pelos tomadores de crédito.
A última delas foi no sumário anual do Ministério da Fazenda Economia Brasileira em Perspectiva. Mesmo admitindo que houve queda nos últimos anos, o documento afirma que o spread se encontra em patamar elevado no país, especialmente para empresas, o que motiva parte delas a captar recursos no exterior.
Nos últimos dois anos, o spread caiu apenas 0,6 ponto percentual, segundo o documento da Fazenda. No final de 2011, estava em 18 pontos, mantendo a média dos últimos anos.
Para o varejo, o spread, que chegou a ser de cerca de 60 pontos há 10 anos, caiu para 34 pontos em dezembro, mas ainda é visto pelo governo como muito alta para padrões internacionais.
A expectativa é de que a iniciativa dos bancos seja anunciada após o Carnaval.
Embora tenham evitado falar sobre medidas específicas, executivos dos bancos sinalizaram nessa direção.
Estamos fazendo um estudo sobre crédito, disse na semana passada o presidente da Caixa, Jorge Hereda. Vamos fazer uma ação mais ousada.
Ao comentar os resultados do BB no quarto trimestre de 2011, divulgado na terça-feira, o presidente da instituição, Aldemir Bendine, foi na mesma direção.
Vamos ser o carro-chefe para redução do spread, disse à Reuters. Precisamos ter taxas de juros mais civilizadas. O modelo de empréstimos focado em linhas caras como cheque especial e cartão de crédito está ultrapassado, acrescentou.
Uma ação mais ousada nesse sentido pegaria Caixa e BB em situação relativamente confortável. Ambos fecharam 2011 com índice de inadimplência de cerca de 2%, ante média de 5,5% do sistema financeiro nacional, segundo dados do Banco Central.
Uma pressão maior sobre os níveis de capital também não é tida pelos bancos como um problema. A Caixa adiantou que o Tesouro Nacional deve injetar mais R$ 4 bilhões no capital do banco, cujo Basileia deve subir bastante em relação ao atual nível de 13 por cento, o menor dentre os grandes bancos.
E o BB acaba de captar US$ 1 bilhão em bônus perpétuos, o que elevou seu índice de capitalização para 14,3%.
Receita conhecida, objetivo distinto
A receita de usar os bancos públicos para aumentar a oferta de crédito foi usada pelo governo federal a partir de final de 2008, em meio aos efeitos da quebra do Lehman Brothers, nos Estados Unidos, que praticamente congelou o interbancário no mundo todo.
De lá para cá, entretanto, BB e Caixa vêm constantemente crescendo acima da média do mercado. O market share da Caixa no crédito no país, por exemplo, dobrou desde então, para cerca de 12% do sistema atualmente.
Diferentemente do episódio anterior, quando a ideia foi preencher o espaço deixado pelos bancos privados, desta vez o objetivo é pressionar estes a estender mais rapidamente a tendência de juros mais baixos aos tomadores.
(Por Aluísio Alves/ Edição de Cesar Bianconi)