Prefeituras de PR e PE preparam parcerias público-privadas para lixo
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Mariana adorou a possibilidade de usar o limite do cheque especial durante dez dias sem pagar juros. No início até pensou que fosse uma "pegadinha", era bom demais para ser verdade. E descobriu que poderia fazer isso todos os meses! Pensou ter encontrado a solução para bancar as despesas do final de mês antes de receber o próximo salário, seu problema recorrente de fluxo de caixa.
Fez uma contagem rápida de dias e sacou o limite de R$ 3.000, planejando cobrir a conta com o crédito que a empresa faria dez dias depois. Qual não foi sua surpresa ao verificar um débito de R$ 120 referente a juros e IOF pela utilização do cheque especial? Procurou a gerente do banco para reclamar e só então se inteirou de condições que deveria ter conhecido antes de usar o limite. Por descuido, utilizou o limite por 11 dias, em vez de dez, e pagou caro por isso.
DEZ DIAS
O prazo de utilização do limite, isento de juros, é de dez dias por mês, corridos ou alternados, nem um dia a mais. Como Mariana errou a contagem e utilizou o limite por 11 dias, pagou juros retroativos, sobre o período todo, e não apenas sobre o único dia que ultrapassou o prazo.
Agora sabe que, quando o décimo primeiro dia for um sábado, domingo ou feriado, o saldo devedor deve ser pago no dia útil anterior, com recursos imediatamente disponíveis: depósito em dinheiro, resgate de uma aplicação financeira ou crédito do salário, por exemplo.
O MÊS
O banco permite que Mariana utilize o limite por dez dias, sem juros, todos os meses. Mas é preciso atenção mais uma vez. O mês em questão não é o mês calendário. Quando o produto foi contratado, Mariana escolheu o dia 5 de cada mês para pagamento dos encargos financeiros. Assim, o mês de referência de Mariana será o período compreendido entre o dia 5 do mês e o dia 4 do mês seguinte.
IOF
A utilização correta do cheque especial dentro das condições estabelecidas isenta Mariana do pagamento de juros. Entretanto, o pagamento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), devido ao governo, não será evitado e será quitado no dia escolhido para pagamento dos encargos financeiros.
OUTROS CUSTOS
Mariana investigou melhor as condições exigidas pelo banco para ter acesso ao produto para entender por que uma colega de trabalho não tem a mesma condição que ela. Soube que o produto é oferecido somente aos clientes que compram determinado pacote de serviços. A tarifa desse pacote contribui para a remuneração indireta do banco pela utilização do cheque especial por dez dias sem juros.
COMO USAR
1. Mariana leu atentamente o contrato do produto, entendeu as regras de utilização, esclareceu todas as dúvidas com a gerente e fez simulações de utilização para assegurar que seu entendimento está correto.
2. Decidiu utilizar a linha de crédito somente em intervalos curtos, inferiores a dez dias, para evitar o risco de pagar juros sobre o período integral. Utilizará somente pelo tempo suficiente para organizar suas contas ou negociar a contratação de outra modalidade de empréstimo, com juro menor do que o cheque especial.
3. Controlará cuidadosamente o período de utilização do limite. Qualquer descuido pode inviabilizar uma excelente estratégia de utilizar dinheiro alheio, de graça, por alguns dias. Passou a controlar melhor seu fluxo de caixa, com entradas e saídas de recursos anotadas em um verdadeiro quebra-cabeças, num jogo estratégico que pode representar uma boa economia de dinheiro todos os meses. Se imaginarmos uma taxa de 9% ao mês, o custo de oportunidade se aproxima de 3%, montante de juros que deixa de ser pago por dez dias.
4. Mariana foi alertada que não pode ultrapassar o valor do limite estabelecido no contrato. Qualquer excedente pode derrubar a estratégia e gerar o pagamento de juros retroativos. Descobriu que o limite a ser observado não é, necessariamente, o limite do cheque especial. Ela tem um limite de crédito de R$ 8.000 mas o limite do produto sem juros é de R$ 5.000. Ou seja, prevalece o menor dos dois valores.
Mariana está aprendendo a viver sem esse mecanismo. O uso frequente dessa linha de crédito, para cobrir despesas enquanto o salário não chega, não é sustentável. Está controlando seus gastos e utilizando o limite corretamente para tirar o melhor benefício do produto.